Mais empreendedores abriram negócio próprio após desemprego
15/08/2022
Levantamento do Datafolha a pedido do Simpi-SP aponta que
acesso ao crédito é maior desafio
A parcela de empreendedores que abriram micro e pequenas
indústrias após ficarem desempregados cresceu 20% nos últimos quatro anos,
segundo indicador elaborado pelo Simpi-SP (Sindicato da Micro e Pequena
Indústria do Estado de São Paulo) em conjunto com o Datafolha.
De acordo com a pesquisa, em 2022, mais da metade dos
empresários em São Paulo (54%) não estavam trabalhando ao abrir o próprio
negócio, enquanto 42% dos entrevistados afirmaram ter deixado um emprego para
empreender.
Ao completar cinco meses fora do mercado de hotelaria,
Fernanda Maschio decidiu, em março de 2020, mudar sua trajetória profissional e
começou a vender massas artesanais congeladas por encomenda. "Como foi
logo no início da pandemia e as pessoas estavam dentro de casa, acabou dando
muito certo. Passados dois meses, já tive que comprar três freezeres novos e,
em setembro, aluguei um imóvel para poder ampliar toda a linha de produção e
comprei maquinário", diz.
A partir daí, Maschio ampliou bastante o leque de clientes e
passou a vender as massas para restaurantes, mercados e hotéis.
Hoje a fábrica, situada na zona norte de São Paulo, tem sete
funcionários e a maior dificuldade é o acesso ao crédito. "Quando você
está começando é muito difícil conseguir crédito. No início acabei pedindo
empréstimo para pessoas próximas. Hoje estou usando financiamento bancário. Mas
é desafiador ter fluxo de caixa, pagar maquinário e insumos", explica.
O problema enfrentado por Maschio é bastante comum entre
empreendedores. Segundo o levantamento, o crédito (15%), seguido pela
burocracia (14%) e recursos para investir (13%) são os obstáculos mais
frequentes ao abrir um negócio entre os empreendedores entrevistados em São
Paulo.
"Com a elevação da taxa de juros, ligada à inflação, há
uma restrição no sistema financeiro. E conseguir crédito nos bancos fica mais
difícil e essa questão ainda vai seguir sendo uma pauta para os empreendedores
por um tempo", afirma Joseph Couri, presidente do Simpi-SP. "Estamos
vivendo um momento crítico, com a questão da pandemia e a guerra na Ucrânia.
Foram muitos baques financeiros e das cadeias produtivas. O que se percebe é
que muitas pessoas abriram seu próprio negócio porque não tinham outra
opção", diz.
A pesquisa também aponta que a avaliação de que a situação
financeira melhorou após a abertura de empresas subiu neste ano se comparada
com 2018. Para 74% dos entrevistados, a situação atual é melhor do que antes de
empreender. Há quatro anos, 58% dos empreendedores estavam satisfeitos.
O levantamento ainda mostra que quase metade dos
empreendedores (49%) trabalha seis ou sete dias por semana. E que, neste ano,
eles estão trabalhando por mais horas —59% dos empresários afirmaram trabalhar
mais de 9 horas por dia. Em 2014, o percentual era de 55%.
A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 27 de julho e
ouviu 243 empresários em São Paulo.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo